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Ventos que sopram de Brasília



03.07.2023

Erik Figueiredo

Todas as decisões econômicas dependem de uma análise minuciosa, que envolve informações do passado, presente e as perspectivas de futuro. Nesse sentido, os sinais emitidos pela gestão pública costumam modificar as decisões de investimento e, de forma curiosa, alterar o nosso presente com base em algo que ainda não foi concretizado.


Exemplifico: a ampliação de uma planta produtiva depende de como o investidor enxerga o futuro. Investimentos produtivos só costumam apresentar retornos após décadas. Como veremos a seguir, as expectativas sobre a taxa de juros e o texto da reforma tributária não vêm fazendo bem para a economia goiana.


Os ataques à independência do Banco Central têm se intensificado. Mas a equipe econômica atual não questiona o porquê dos juros altos. Parecem não ter lido o último relatório do banco Goldman Sachs. Pois, enquanto o governo federal comemorava a sinalização da evolução da nota de crédito do Brasil no mercado internacional, o relatório citava que essa indicação positiva se deu exclusivamente por conta da condução da política monetária.


Os juros são altos porque há um nítido esforço do governo federal de ampliar o seu gasto. Isso pode ser notado no novo arcabouço fiscal que não contém indícios de austeridade. A taxa de juros é o preço do dinheiro. Quando o governo demanda dinheiro para cobrir os seus gastos, o mercado de crédito fica pressionado e os juros se elevam.


Outro ponto de pressão sobre a economia de Goiás é a reforma tributária. Setores que empregam mais de 84% de nosso trabalho do setor privado pagarão mais impostos. Há uma expectativa de queda de receitas estaduais, entre outros efeitos. Tudo isso resulta em menos investimento, menos emprego e menor renda.


Isso tudo em um período de prosperidade da economia goiana. Após observar um crescimento do produto interno bruto de 6,6% em 2022; atingir o maior nível de ocupação da série histórica (3,7 milhões de trabalhadores); ultrapassar pela primeira vez na história a renda média nacional e, como resultado, apresentar a menor taxa de extrema pobreza desde 2015 (1,7%); o ano de 2023 começa a dar sinais de desaceleração da economia.


O PIB no 1° trimestre de 2023 registrou um avanço modesto (0,6% em relação ao mesmo período de 2022). Os setores de serviços, varejo e indústria não estão repetindo o bom desempenho de 2022. O desemprego ficou estável depois de meses com quedas significativas.


Os ventos que sopram de Brasília não estão fazendo bem para a saúde econômica de Goiás. Ainda há tempo para reverter alguns desses sinais destrutivos. A luta contra o texto atual da reforma tributária e os alertas sobre a falta de responsabilidade fiscal que majora a nossa taxa de juros não são e nunca serão política. Visam restabelecer a confiança no futuro da economia goiana e com isso impedir que o emprego e a renda da população do estado se tornem escassos.


(Erik Figueiredo é economista e diretor executivo do Instituto Mauro Borges - IMB)


Fonte: Jornal O Popular

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