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Sustentabilidade e inovação no 2º Agro-Mill

18.10.2024



No quarto dia do 2º Agro-Mill, os participantes visitaram o Grupo Cereal, em Rio Verde (GO), para conhecer as operações que transformam soja em produtos industrializados, como óleo, farelo e biodiesel, a partir de grãos recebidos em 12 unidades. Rio Verde, reconhecido como o quinto município mais rico no agronegócio brasileiro, foi palco para debates sobre a integração entre produtividade e sustentabilidade.


Foco em sustentabilidade e agricultura familiar

Adriano Barauna, presidente do Grupo Cereal, destacou o compromisso com práticas sustentáveis e o incentivo à agricultura familiar. “Pagamos um pouco mais para esse nicho de produtores”, explicou. A empresa já beneficiou 735 pequenos produtores por meio de um investimento de R$ 7,5 milhões.


Com cerca de mil colaboradores, a Cereal também promove equidade salarial: mulheres recebem 17,9% a mais em média na carteira. Todas as vagas são inclusivas, disponíveis para ambos os sexos e para pessoas com deficiência (PCDs).

Evaristo Barauna, sócio-fundador do Grupo, agradeceu a visita e enfatizou a importância de mostrar ao público os esforços do campo em benefício do Brasil e da humanidade.


A empresa apresentou ainda seu programa de coleta de óleo de cozinha, utilizado na produção de biodiesel, reforçando seu compromisso com a economia circular. Sua frota é totalmente movida a biodiesel, alinhando-se ao compromisso com energias renováveis.


Desde março, o Brasil adotou a mistura B14 – 14% de biodiesel no diesel comercial – o que exige 42 milhões de toneladas de soja por ano. Adriano Barauna frisou o ciclo sustentável da cultura: “É um ciclo virtuoso. O óleo extraído da soja gera biodiesel, e o farelo, rico em proteínas, é destinado à alimentação animal. Assim, integramos a produção de energia renovável com a de alimentos.”

 

Agricultura regenerativa


O dia seguiu com uma visita à Fazenda Brasilanda, localizada em Montividiu, que  faz parte do Grupo Associado de Pesquisa do Sudoeste Goiano (GAPES).A propriedade se destaca pela aplicação de agricultura regenerativa em cultivos de soja, milho e produção de leite. Em 2024, o GAPES se tornou um Instituto de Ciências e Tecnologia, ampliando sua atuação para além dos produtores associados.


Com o primeiro consórcio de agricultura regenerativa da região, o GAPES combina práticas químicas e orgânicas para maximizar sustentabilidade e rentabilidade. Atualmente, a entidade reúne 43 associados, com 125 fazendas que abrangem 235 mil hectares de soja e milho. Dessas, 50 mil hectares foram regenerados, e a produção de soja regenerativa já atinge 200 mil toneladas, todas em sistema de plantio direto.


O avanço do uso de insumos biológicos e práticas sustentáveis já resultou na preservação de R$ 1,4 bilhão em terras, com 40 mil hectares destinados exclusivamente à preservação ambiental.


A fazenda também investe em energia limpa. No confinamento de gado, a energia solar fotovoltaica substitui fontes poluentes, evitando a emissão de mil toneladas de CO₂ por ano e tratando os dejetos de forma sustentável.


Caminho para o futuro

Marion Kompier, produtora e fundadora do GAPES, ressaltou a importância de seguir o caminho da sustentabilidade. “Só vejo segurança na agricultura se seguirmos por essa direção, que, além de sustentável, reduz os custos de produção”, afirmou.


O GAPES também realiza projetos sociais, como campanhas de doação de cestas básicas no Natal e o programa ‘Se Liga na Fazenda’, que aproxima jovens de 14 a 18 anos do cotidiano rural.


Inovação na gestão do solo e controle biológico

O GAPES se destaca pelo uso de três pilares de sustentabilidade: ambiental, econômico e social. Entre as práticas estão:

  • Biofábrica de fungos e bactérias: produção de biológicos para controle preventivo de pragas e doenças, preservando a biodiversidade e minimizando o uso de químicos.

  • Soil Food Web: técnica que reintroduz microorganismos benéficos no solo, como fungos, bactérias e minhocas, promovendo equilíbrio e fertilidade.

  • Bioinsumos fermentados (TMT): compostos sólidos e líquidos, feitos com ingredientes como pó de café, casca de ovo, farinha de trigo, melaço e algas, desenvolvidos para atender às condições locais. A bióloga Andressa Pereira de Jesus explicou a importância desse processo: “Criamos uma isca biológica balanceada para levar um ecossistema saudável para a lavoura, garantindo a sustentabilidade das culturas.”

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